INÍCIO DE CARREIRA:PARA ONDE VOU E COMO?  

Corinna Schabbel,Ph.D 

 

 

Quando se aproxima a época de fazer a inscrição para o vestibular, percebe-se o quanto esse momento é difícil para os jovens. Como decidir, aos 17 ou 18 anos  pela carreira a seguir? O problema não reside na incapacidade do jovem em decidir, posicionar-se sobre o que fazer, mas faltam-lhe critérios claros para tomar  tal decisão. O que se vê, na prática, é uma escolha ou pelos cursos tradicionais (medicina, engenharia e direito) influenciados pelos familiares, ou cursos da moda (comunicação, radio e TV, nutrição, etc.) com um número crescente de alunos que desistem  do curso que escolheram.  

Os jovens são solicitados cada vez mais cedo  a decidirem pela profissão que desejam abraçar. Alguns, sem muita opção, acabam escolhendo a profissão de um dos pais. Outros se interessam pelas profissões  que tenham uma possibilidade maior de projeção social.  

Ser cobrado pela escolha profissional cada vez mais cedo, é uma tarefa árdua. Acertar nessa escolha dentro de um contexto instável  é ainda pior. O que fazer? Como fazer? 

Considerando-se  essas dificuldades e muitas outras que passam pela cabeça do jovem universitário creio que o  maior desafio  seria refletir sobre o significado da carreira na vida como um todo.  

Corajosamente,  respondam às perguntas: “o que gosto de fazer?”, “o que sei fazer?” “com qual profissão me sentirei bem na vida?”, “qual   finalidade terá o meu trabalho?” levando sempre em consideração de que emprego é algo muito diferente de uma carreira.   

Ao pensar em carreira, você estará  visando sua realização. Faça um exercício e projete em uma tela imaginária onde deseja estar daqui a dez ou quinze ano? Não pense apenas naquilo que você quer ter (seu lado consumista), pensa naquilo que você deseja criar, realizar  e contribuir com alguma coisa (um mundo melhor, uma vida mais saudável, fazer a diferença, etc). Seria  bom  se sentir realizado e motivado a fazer mais, a fazer diferente, a inovar e quem sabe criar algo para poder dizer: fui eu.....  

Transforme o seu exercício em realidade e vá na  direção onde poderá   aplicar todo seu potencial, capacidades, talento e vocação. Seguir a  vocação é um estímulo que dá significado àquilo que fazemos. O processo  de descoberta implica que sejamos nós mesmos.  Essa descoberta, não raro, se dá durante os anos de faculdade.   

Se perceber que o curso escolhido não atende à sua vocação, não sinta vergonha em assumir que não fez a escolha certa, não tenha dificuldade em revelar que não é aquilo que deseja fazer, a preocupação com o dinheiro já investido em sua formação pode se transformar em oportunidade. .. Enfim,  mesmo diante de tantos  senões não deixe  que esses pensamentos o desviem de seus projetos. Emprego é uma necessidade e carreira é um objetivo.   

O primeiro estágio poderá fazer a diferença para o início de uma carreira. 

Nem tudo está perdido. Se você estudou, investiu seu tempo e construiu uma rede de relacionamentos que lhe dão suporte, verá que há outras possibilidades pouco exploradas, pois nesse mundo alucinado em que vivemos  aquilo que é visto como “perda de tempo”, como por exemplo, arriscar mais mudando o como fazer. Algumas regras não devem ser burladas como a da boa educação, bons modos, respeito às tradições e à sabedoria. Ser jovem pode significar ter a coragem para fazer diferente, arriscar em uma trajetória menos tradicional, mais inovadora. O diploma? Fará diferença? Muita.... no conhecimento adquirido, na bagagem acumulada e na facilidade em perceber as diferentes nuances do mundo à sua volta. 

A carreira é construída ao longo do tempo a partir de uma escolha que, somada às oportunidades, à motivação pessoal e a coragem de vencer os obstáculos do dia-a-dia  constituem os verdadeiros alicerces para a  colheita de bons frutos. 

A construção de uma carreira não é uma tarefa fácil, tampouco é uma empreitada solitária.